28/10/2017

"De mãos dadas"

Caminhar de mãos dadas. No sentido de estar com outro ser e não o soltar. Mergulhar quando ele mergulhar, saltar em um precipício quando ele saltar. E assim, correr, pausar, andar a passos lentos, mas sempre segurando aquela mão. Eu gosto dessa frase: caminhar de mãos dadas. Gosto do sentido, gosto do significado (sempre ou quase sempre interrompido), de se perder em si e se achar no outro. Do pedido, da apelação: "não solta a minha mão" ou "me deixa segurar a tua mão" ou "a minha mão não vai te soltar". Acho bonito essa entrega, essa esperança de ver, em outra pessoa, a sua salvação. A sensação de atravessar outro ser, que vai além do toque, do olhar. É um ato de coragem. E é lindo. Não fosse pelo cair, nada explícito. É corajoso segurar-se e confiar-se tanto em outras mãos. Entrar e habitar (ainda que ilusoriamente) em outro mundo. Pisar em outros solos. É audacioso se segurar em alguém dessa forma, pelo risco real que corremos de ver o passo do outro tropeçar e seu chão servir de teto para outros pés.


Beth, Eu Mesma.

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