14/03/2013

Porque o mar me acalma!

Mesmo depois de me explicarem, eu batia o pé acreditando que tinha um mar inteirinho dentro. E até hoje, é assim. 

Drês ♥


Três dias atrás
Tudo era diferente
Três dias pra frente
Nada vai ficar igual
E eu tenho medo
É longe demais
Leva muito tempo
Ficou aqui dentro
Não some nunca mais
Foi muito cedo
Somos vegetais
Da flor a semente
Há pedra na gente
Efervescentes minerais
De ouro e vento
Terrenos mortais
Eternos no presente
Impérios latentes
Dos tempos ancestrais
Sonho e segredo
Três dias a mais
Todos drês e urgentes
Três dias somente
Poucos mas fundamentais
Eu te desejo
"A lua que eu vi morrer nesta manhã
Cravou um botão no céu sobre o asfalto,
Retirou do espaço seu ar em vácuo
E germinou uma moeda viva.
Fiquei a olhar aquela enorme lua, crua,
Nua como uma bruxa que foi feita fada.
Fixei a paisagem com respeito e medo,
Pois da dramaticidade plástica do solo magno
Pendia uma marca tão evasiva que ardia drástica.
Entre a lua e você há um diálogo de sardas.
Uma música feminina que não compreendo inteiramente,
Mas sei que o seu efeito eu gosto e quero,
Você que lá brilhava.

11/03/2013

Dois barcos


"Quem bater primeiro a dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema
É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar
Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar dedicou-se, mas
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?
Doce o mar, perdeu no meu cantar (x 2)
Só eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar dedicou-se, mas
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?"

Cinza




Cinza da fumaça que encobre tudo. Cinza da evasão, da parede que separa corpos, mentes, opiniões. Do coração quebrado, partido - antes escarlate, púrpura, pulsando paixão - agora cinza, partido, quase parando. Gris - nem branco, nem preto - sem sal nem açucar, sem graça. Pálido, crú. Cinza de tristeza, dos dias fúnebres, nublados - dos MEUS dias nublados. Do meu momento nublado. Da minha vida, antes colorida, hoje cinza, apenas.
Tudo cinzento, como quando na infancia se olhava o ceu e se deparava com um amontoado de núvens, impedindo que as crianças saissem de suas casas para tornar a vida furta cor ao brincar livre e alegremente pelas calçadas do bairro, ganhando a cor do céu uma associação a reminiscencia desagradável, como uma solidão, uma felicidade impedida.
O sol hoje estava intenso, quente, amarelo, aceso. Do lado de fora se via luz incandescente. Aqui dentro? Tudo fraco, frio, cinza, apagado. Do lado de dentro não se via nada, porque tudo estava nublado. Cinza, bem cinza.

.Beth Albano