13/09/2017

Se me esqueceres


Se Me Esqueceres
Quero que saibas
uma coisa. 
Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam. 
Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco. 
Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido. 
Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra. 
Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.
— Pablo Neruda.

Escancare as portas ou bata-as de vez.

Para mim, meios termos não existem, ou é tudo ou é nada. Atitudes indecisas não são atitudes. Meias verdades são mentiras. Então, com toda completude que carrego em mim, só me convém o inteiro, o verdadeiro, o termo todo.
Beth, Eu mesma.