04/12/2018

Eu quero é mergulhar!


É sempre assim, ficamos dias com as nossas luzes apagadas, os olhos perdem o brilho, a vontade de seguir fica minguada e, ao mesmo tempo que queremos nos isolar (a todo custo), ansiamos que alguém chegue para nos salvar. É sempre assim quando vamos embora, sem a real vontade de ir. Quando jogamos todos os nossos pertences em uma mala e, no momento de fechá-la, nos bate uma vontade (quase que) incontrolável de guardar, tudo de volta, nas gavetas. Ou quando precisamos abandonar o barco, que está naufragando e a água não pára de subir, mas tudo o que queremos fazer é ficar lá, com uma lata na mão, tentando esvaziar aquele barco, completamente inundado. 
Quando partimos de alguém que amamos (ou que pensamos amar) é como se estivéssemos partindo de nós mesmos. Tudo nos parece absolutamente bagunçado. Não sabemos como agir, como seguir, como decidir qualquer coisa, como nos encontrar. Nos vemos imersos em um mar de desordem interna, porque, ainda que inconscientemente, colocamos o nosso motivo de SER nas mãos de um outro ser, que não merece nossas dores, nem as nossas alegrias. 
Até perceber que podemos nos reorganizar, nos reencontrar, nos amar. E que isso não depende de outro ser humano, apenas de nós mesmos (na condição humana). Até perceber que ninguém tem o direito de adentrar sua vida, seus planos, suas ideias, seus sentidos e, depois, tratar isso como bobagem. Até perceber que toda dor foi, na verdade,
uma grande glória, porque mostrou que o que “não valeu a pena” foi o que mais nos ensinou, foi o que mais nos fez crescer, nos abriu os olhos.
Às vezes, ir embora de alguém é a chave para o nosso reconhecimento pessoal, é a chave pra entendermos, bem melhor, quem são as pessoas que nos merecem.
O oceano, ao mesmo tempo que me amedronta, me acalma. Eu sou um mar de profundidade. A minha intensidade não pode ser medida, de tão enorme. Não é pra qualquer um. Não é todo mundo que sabe lidar com algo imenso. A imensidão que carrego em mim (de sonhos, de ideias, de planos, de vida, de ser) não merece ser vista nem tocada por seres rasos.
Eu não quero molhar os pés, eu quero é mergulhar.

Beth, Eu Mesma.