20/11/2018

Que eu me perdoe sempre!


O machucado, que me proponho a curar, com meu par de mãos calejadas, é limpo, como o choro que seco. É cru, é legítimo e é espontâneo. O perdão, tão necessitado, eu dou a mim mesma. Eu me perdôo. O caos, presente aqui, está de mãos dadas com a harmonia. Existem dois extremos, em mim. Tudo o que sinto, ou é tudo, muito, imenso ou é nada. E tudo bem, repito todos os dias essa frase, ao mesmo tempo que me olho nos olhos: tudo bem! Tudo bem pelo acaso, nem sempre bom; Tudo bem pelas diversas quedas, pelo joelho ralado, pelo coração partido, pela alma ferida; Tudo bem pelos incontáveis nãos, mundo a fora ou casa a dentro; Tudo bem pela vida nada generosa. 
Em meio aos dias confusos, existe uma frequência que me acalma, compassada e gradativamente. E vai me fazendo enxergar a mim mesma e a respirar de forma mais harmoniosa, até que a calmaria chegue e faça parte dessa tempestade que sou, nem que seja por alguns minutos. Sou grata a isso!
Durante toda a minha vida eu olhei pro meu mundo interior como a coisa mais vasta que existe. Eu sei que sou capaz de chegar aonde eu me propor, seja rastejando, caminhando, correndo ou voando. Durante toda a minha existência eu vejo poesia em tudo que faço, em tudo que me chega e em tudo que se vai de mim. Há beleza no que, aparentemente, me parece feio. Alguma coisa louca e desordenada pode ser tão bela como um quadro amplo e magnífico, basta prestar mais atenção.
Por tudo, pelos dias vividos sem culpa, por ser alguém grande, por fazer coisas fora dos padrões, por amar intensamente, por todos os “foda-se’s” e todos os sins e nãos, nas horas inapropriadas: Que eu me perdoe sempre. Que eu me perdoe, especialmente, pelo que foge à minha pele, à minha vontade, à minha decisão.

Beth, Eu Mesma.