25/09/2013

A poesia subsiste nas rachaduras dos teus lábios, quando eles sangram e, mesmo assim, tentas cantar. Quando o grito que guardas é tão triste e extenso que as grades se rompem, ecoando, assim, a mais bela melodia. Quado tua alma dança ao ouvir a voz de Elis. Acho lindo o jeito que teu olhar se dispersa e âboece, quando digo que a paz é utópica.

A paz só existe, petit, no céu da tua boca, pois lá as estrelas não estão mortas.

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Eu queria te ligar e combinar um cinema, um bate-papo na praça, beber um café ou voar de asa-delta. Coisas triviais que as pessoas fazem, mas para nós não é bem assim. Ou, não sei, talvez só para mim. Ainda não me recuperei da crise de afasia que tive ao te chamar pra sair. Eu queria dizer “O que você acha de a gente sair um dia, eu e você?” e acabou saindo “O que você acha de a gente se juntar aos revolucionários pela libertação do Tibet e, depois de tirar um tiranossauro da cartola, construir uma nova rodoviária?” Essas primeiras vezes das coisas me estressam, por isso adiei por meses.
—  Gabito Nunes.