11/03/2013

Dois barcos


"Quem bater primeiro a dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema
É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar
Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar dedicou-se, mas
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?
Doce o mar, perdeu no meu cantar (x 2)
Só eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar dedicou-se, mas
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?"

Cinza




Cinza da fumaça que encobre tudo. Cinza da evasão, da parede que separa corpos, mentes, opiniões. Do coração quebrado, partido - antes escarlate, púrpura, pulsando paixão - agora cinza, partido, quase parando. Gris - nem branco, nem preto - sem sal nem açucar, sem graça. Pálido, crú. Cinza de tristeza, dos dias fúnebres, nublados - dos MEUS dias nublados. Do meu momento nublado. Da minha vida, antes colorida, hoje cinza, apenas.
Tudo cinzento, como quando na infancia se olhava o ceu e se deparava com um amontoado de núvens, impedindo que as crianças saissem de suas casas para tornar a vida furta cor ao brincar livre e alegremente pelas calçadas do bairro, ganhando a cor do céu uma associação a reminiscencia desagradável, como uma solidão, uma felicidade impedida.
O sol hoje estava intenso, quente, amarelo, aceso. Do lado de fora se via luz incandescente. Aqui dentro? Tudo fraco, frio, cinza, apagado. Do lado de dentro não se via nada, porque tudo estava nublado. Cinza, bem cinza.

.Beth Albano